sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Poesia de despedida

Li suas antigas cartas e não pude evitar. Chorei. Guardei nossas fotos num lugar seguro por aqui. À prova de mim mesma, pra que nem mesmo eu possa nos ver naqueles poucos momentos bons congelados nas fotografias. 
Confesso que não reconheço mais o seu rosto. Aprendemos com facilidade a ser estrangeiros no país do outro. Não passamos de estrangeiros cansados e de malas prontas pra partir. 
Sabe o que está acontecendo aqui dentro? Genocídio. Estou matando toda a população de você que ainda há em mim. Cada pedacinho seu tem sido exterminado pelo descaso. Seu descaso, à propósito. Embora sejam as minhas mãos que estão sujas. São as esquinas de mim que estão de luto. Foi o meu carnaval que acabou. É quarta-feira de cinzas na minha avenida. 
Mas sabe de uma coisa? Ainda consigo sorrir, acredita?! Vou levando meu riso frouxo, desenhado em lábios vermelhos, a exibir por aí que estou de pé. 
Percebe o quanto não perceber-se afeta o outro? Percebe a malícia do descaso dos amantes?
Por hora, estou limpando nossa bagunça. E por hoje, estou cravando bandeira branca no meu peito, no topo do meu mundo, só pra doer mais bonito. Só pra fazer poesia na despedida. 





segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Ela mudou

Não podia deixar de dividir esse texto incrível do Gustavo. Vale a pena cada linha. 

"Você vai perdê-la por não conseguir enxergar tão longe quanto ela. Se parar pra pensar direito, verá que seus sonhos são opostos ao dela. Se você parar de mirar apenas ao próprio umbigo, perceberá que ela precisa de alguém que ande junto. Você tem servido apenas como âncora dos dias que ela apenas quer deixar pra trás. Não é para negar o passado, mas ela quer o futuro. Você quer continuar a prendendo ao que um dia ela foi.
Não sei se você reparou, mas ela mudou.
Um dia você abrirá os olhos e verá apenas os passos mudos da despedida que já está anunciada. Conseguirá ver uma lágrima furtiva descer pelo rosto dela junto com um “eu te avisei” inconveniente. Ela te lembrará de todas as vezes que perguntou “vamos?” e você se conformou com o lugar onde estava. E aí entenderá que a sua zona de conforto era a morte pra ela. Que a sua falta de ambição na vida era o jazigo perpétuo de vocês dois.
Sei que nessa hora, diante do estrago já feito, você vai partir correndo ao encontro dela e pedir pra refazer o caminho. Vai bater no peito dizendo que consegue mudar o que é e que quer viver todas essas expectativas com ela. Tenho certeza de que ela acreditará na sua promessa, mas não terá mais coragem de fazer força sozinha. Ela aprendeu que amar sozinha não é amor, é fardo.
E aquilo que a trava o riso deve ser deixado para trás.
Te digo isso tudo, cara, porque pode ser até que você não tenha enxergado o fim apontando na reta. Pode ser que no seu íntimo você acabe encontrando um desejo de não continuar nessa história. Talvez sobre o apego, sobre um resquício de vontade em fazer durar, sobre um capricho. Aviso: é inútil. Não há porquê se prender a um romance andando de mãos dadas com o fracasso por simples desejo. Reconhecer o final também é um carinho.
Abra bem seus olhos. Não apenas para ela, mas para o que você mesmo quer da sua vida. Não a prenda e não se prenda, mas se for para abraçá-la com força, entenda toda a força dos sonhos dela. Demore-se nos planos que traçou e compreenda que ela não vai abrir mão deles. Ela quer ir aonde for contigo, mas o seu desejo de ficar parado torna inevitável a separação. Você vai perdê-la pelo simples fato de que não quer estar nos lugares onde ela quer chegar.
E esse amor acabará ficando pra trás."


Gustavo Lacombe


quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Moças, vocês não são obrigadas

Hoje li uma matéria que me chamou muito a atenção. Sobre atitudes das mulheres que destroem o homem. Seria muito engraçado se não fosse tão ridículo e machista. 
Como muitos textos que leio por aí, esse foi mais um que tem como objetivo retrair mulheres,depreciá-las, machucá-las psicologicamente "orientando" as fêmeas no seu modo de agir com seus machos baseando-se na bíblia.
Ora, baseando-se na bíblia, o homem não pode deitar-se ao lodo da mulher ou sequer dormir no mesmo quarto quando ela está menstruada. Segundo o livro, menstruação é imundice. E ninguém quer ser imundo, né?! Eca! 
Ainda segundo o livro, a mulher que não casar-se virgem, deve ser apedrejada até a morte, pra aprender a ser mulher honesta (no além!). Além de enfatizar a importância da submissão da mulher, pois o homem é a sua cabeça! Hum... Ok. Paro por aqui. Essas são apenas algumas das citações.
O top 5 de destruição do homem a partir da mulher tem como alvo ensinar-nos que homem não gosta de mulher vaidosa. Mas não há ressalva sobre a vaidade do homem e como ela é alimentada. Homens não gostam de mulheres que reclamam muito, nem que descordam. A fêmea deve estar sempre bem disposta, felizinha, de braços e pernas abertas para recepcionar o seu macho.
Também não pode ser preguiçosa, hein moça?! Ficar cansada ou indisposta não vale no jogo do "amor". Fique feliz todos os dias e não cobre do seu parceiro. Ele é um deus e você mera mortal.
E por fim, depois de estar debaixo do pé do seu amorzinho, acredite nele! Vacas voam, papai noel vem esse ano, ele trabalhou até de madrugada pra colocar comida na mesa, sua ingrata! Acredite nele! 
Lembrando: não é a bíblia que eu questiono, e sim como as pessoas fazem uso dos seus escritos por pura conveniência, pra rechear argumentos vazios. Não costumo discutir religiosidade, nem pretendo. 
A mulher não é imunda, nem nasceu pra ficar abaixo ou acima do homem. Em um relacionamento deve-se haver doação mútua. Comunicação e consenso. E acima de tudo respeito. E essas dicas marotas para as mulheres passam muito longe disso. 
E para as mocinhas que leram até aqui, ou até mesmo leram essa mesma matéria a qual me refiro acima, você é maravilhosa do jeito que é. Nem imunda, nem submissa. Relacionamentos que te cobram isso não servem pra você, vai por mim.
A vida é feita de mudanças, e essas devem ser feitas por você. Por amor a você, não por outra pessoa. Sinta-se completa sozinha, sem pressa. Tome o seu tempo. E se quiser amar mais alguém além de si mesma, esse sortudo ou sortuda terá que amá-la em dias preguiçosos e ativos, vaidosa ou largada, concordando ou descordando, reclamando ou rindo escandalosamente. Porque você é humana e não uma daquelas bonequinhas que ao aperar a barriga dizem "I love you".
Apenas seja você mesma. A mulher da sua vida. 


quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Sobre ciclos que se fecham naturalmente, mas não deixam de machucar

Ninguém precisa te avisar ou comunicar oficialmente sobre os fins que a vida dá nos teus ciclos. Você simplesmente sabe. Sente que aquele chegou ao fim e por mais que doa, não há o que fazer à respeito. Fins são fins. Não existe meio termo pra eles.
Eu já afastei e continuo afastando pessoas por causa desse jeito intenso de ser. Esse jeito de ser toda o tempo todo. De sentir tudo, de saborear cada onda das tempestades em copo d'água que costumo fazer. Sim, eu sou muito boa em criar tempestades e problemas onde não deveriam estar. E assim fecham-se os ciclos que outrora não parecia que chegariam ao fim. É claro que sabemos que tudo acaba, mas admitir isso não é uma característica muito humana.
Assim como dias bons acabam, para minha sorte, dias ruins também. Parei pra me perguntar em um dos meus constantes monólogos, qual importância todas essas tempestades terão no futuro. Amanhã ou daqui à uns meses? Será que eu vou rir disso? Será que eu ainda vou achar graça de todos os amores que matei dentro de mim e dentro dos outros? Haverá julgamento para o genocídio em mim? Haveria absolvição? Ou meu castigo é permanecer presa pelas grades de mim?
Por hora, dormir é o melhor remédio. Se possível fosse sem remédios, tamanha é a inquietação. Amanhã e depois, nascerão e morrerão outros ciclos. Naturalmente, como quem parte dormindo. Mas machucando quem fica, como sempre.






domingo, 13 de setembro de 2015

Sobre apreciar a solidão

Solidão é o momento de conhecer a si mesmo. Você não tem outra companhia, senão a sua. Poeticamente belo, mas nem tanto na prática. Ao contrário do que ouvimos nas músicas por aí, não é impossível ser feliz sozinho. Mas é difícil. É como conhecer seu próprio inferno e céu. Há momentos propícios a cada fase. 
Contar apenas consigo é tentar provar dos próprios conselhos, rir das próprias piadas, confiar somente em si. O problema é quando você não consegue confiar nem mesmo em si, nem nos seus conselhos, nem rir de si mesmo. Este é o inferno de conviver consigo. É quando você enxerga seus defeitos e o quanto é difícil até pra você mesmo suportá-los. É quando suas verdades e mentiras não fazem tanto sentido e o espelho cruelmente revela suas falhas tão humanas e incompreensíveis.
Nesse momento cabe aceitar-se ou lutar contra si mesmo. Seus defeitos, verdades, mentiras são o conjunto de você. De toda vivência, de todos os caminhos que conduziram você a frente desse espelho que agora lhe tortura. Lutar contra si mesmo é inútil, certamente você sairá ferido e frustrado. Moldar-se e aceitar-se é o mais sábio a fazer. Embora seja o mais difícil. Até o "feio" e aparentemente inútil pode e deve ser moldado e usado em favor de si. É como pegar-se no colo, limpar as partes sujas, descartar o que já não serve e com o calor das próprias mãos, moldar o que julgamos falhas. 
Acredito que só temos essa percepção quando estamos realmente sós. Quando percebemos que agradar e conhecer a si mesmo é o mais importante. Esse é o caminho do seu próprio céu, ou além dele. O céu não é o limite. Na verdade, não há limites no Ser. Estamos em constante transformação, e ainda assim munidos de tudo o que nos trouxe. Somos metamorfoses. Falhas perfeitas. Frutos do erro, do tropeço e de tudo o que aprendemos na queda. 


domingo, 16 de agosto de 2015

S2

Sabe que eu estava aqui relendo nossas cartas?! Meu coração ficou quentinho. Acabara de recolocar aquele cobertor de palavras doces e quentes juras. Faz tempo que não te escrevo. Faz tempo que não escrevo nada. Hoje eu senti aquela vontade de te chamar pra perto, pra esquecer a geografia cruel que nos separa. Senti vontade de te lembrar. 
Como você me disse outro dia, a rotina está me massacrando. Está mesmo. A gente sabe que crescer dói nos ossos e na alma. A gente sabe. Mas na verdade, dores nunca são bem-vindas, mesmo que seja parte de uma transição, mesmo que seja necessário. Ninguém gosta de sentir dor.
Eu poderia te dizer que tenho andado triste esses dias e até meio confusa, mas não preciso. Você já sabe. É que a vida toma rumos diferentes todos os dias. Faz a gente se desencontrar em cada esquina. Faz a gente se esquecer em outros braços. Sobrevivência pra nos mantermos aquecidos. 
Mas por hoje, vem aqui feito gato manhoso, pra eu te fazer um cafuné. Vem só hoje. O hoje é tudo o que temos.     



sexta-feira, 26 de junho de 2015

Redes sociais (as verdadeiras)

Antes da internet ser viral, nós usávamos telefones públicos e economizávamos as unidades do cartão telefônico pra falar mais. Enviávamos cartas e pra ver uma foto, tinha que esperar revelar. Você não tinha escolha, senão esperar. Éramos mais pacientes. Era aterrorizante ficar sem créditos, não sem wifi. E quando você tinha poucos créditos, a saída era "falar 3 segundos". Nossa! Me lembro de ter dito "eu te amo" pela primeira vez por 3 segundos. E a pessoa do outro lado, aos prantos respondeu: "Eu também te amo", durante 4 ligações de 3 segundos.
Os encontros de amigos eram mais frequentes. Era uma rede social calorosa, de fato. As paixões fugiam do imediatismo. Sim, éramos mais pacientes. Pra ver a nudez de alguém, fosse paquera, namorado ou aspirante a namorado, tinha que ser cara a cara. Os encontros, acima de tudo eram de olhares. Não curtíamos fotos pra paquerar, passávamos bilhetes na sala de aula convidando pra dividir o lanche. Correndo um sério risco do bilhete cair em mãos erradas e ser punido com o "cantinho do bobo". 
Eu e minhas amigas, tínhamos que nos encontrar pra contar as novidades diariamente. Geralmente tomando tubaína (refrigerante muito doce e barato na época). Nada era irrelevante, tudo era importante pra nós. Trocávamos os nomes das pessoas pra poder falar sobre elas em segurança. Joãozinho era Lorena, Marquinhos era Mariana e assim por diante. 
Nós líamos mais, assistíamos desenhos de manhã, passeávamos com nossos cachorros por 2 horas como desculpa pra ficar na rua, porque nossos pais estabeleciam horários pra sair e pra voltar. Minha mãe ia me buscar na rua quando eu passava do horário, juntamente com as outras mães e não nos envergonhávamos delas, jamais! 
Tudo isso pode parecer bobo pra geração de hoje, tão ávida, com pressa e cheia de opiniões vazias.  Mas sabe de uma coisa? Era bom e verdadeiramente feliz. Éramos, inevitavelmente mais próximos uns dos outros. E acreditem, não há nada melhor do que calor humano e olhos nos olhos. Então depois de ler todas essas bobagens de uma outra época, me diz: você já "curtiu" a presença da pessoa que está ao seu lado hoje? Pois, faça-o agora! Experimente a delícia de olhar pra alguém e esse alguém te olhar de volta. 









quinta-feira, 18 de junho de 2015

Como é ser gorda(o) numa sociedade livre de gorduras trans

   Tenho lido tanto sobre como é um absurdo ser gordo e de como somos sedentários e inúteis pra sociedade. Somos a gordura trans do pacotinho de batata frita. Será mesmo? Me pergunto, como pode haver tanta opinião destorcida sobre gordos e gordas em tempos ditos modernos. 
   Mas vou te contar como é e como deveria ser. Existem milhares de "médicos" espalhados nas redes sociais e na vida real com seus discursos de saúde, academia, séries de três e sucos detox. Vem com aquela conversa de que a saúde está em primeiro lugar e que ser gordo é ser doente. Tem aqueles ainda que dizem que o termo plus size é abominável! Como pode uma gorda ou gordo ser miss/mister de alguma coisa? 
   O que essas (in)felizes pessoas não imaginam que há alguém do outro lado do computador que já anda tão cansado de rótulos ofensivos, deprimentes e ainda se vê obrigado a aturar mais um comentário estúpido. Mais um, ou dois, ou mais. Todos os dias. No trabalho, na escola, faculdade, família... Sincericídio? Não! Isso é ignorância. Das piores! Daquelas que ferem fundo. Deixam cicatrizes pra vida toda. Não é exagero, meus amigos. 
   Por que um gordo só pode ser bonito de rosto? Temos a máquina mais engenhosa de toda a existência! O nosso corpo, que é belo, magnífico! Somos lindos de rosto e de corpo também, por que não? 
   Vivemos numa sociedade onde é "feio" ser gordo, ser magro, ser gay, ser hétero, ser "crente", ser ateu... Enfim, tudo é inaceitável. É aquela velha história de "I can't get no satisfaction!". Se buscássemos ser mais HUMANOS com as diferenças alheias, viveríamos num ambiente minimamente sensato.
   Ora, a beleza está nas diferenças! Afirmar que todo gordo é doente é o mesmo que dizer que todo baiano é preguiçoso. E convenhamos, isso faz mesmo algum sentido? 
   Vamos nos livrar dessas máscaras e sobrepeles! Olhe pra si e tente enxergar a VOCÊ mesmo. Suas opiniões não solicitadas estão mesmo fazendo bem pra alguém? Pense antes de falar. Pense antes de postar suas opiniões cheias de preconceito. Gaste o seu tempo em conhecer-se melhor. Garanto que será muito mais válido.
   E por fim, não podia deixar de mencionar, rapazes que se relacionam com GGrandes mulheres: valorize-a. Ame-a como ela é e quem ela é. E sabe o que ela é? Incrível! Somos verdadeiras mulheres maravilhas que tem que salvar o nosso universo particular todos os dias. Porque pra enfrentar tanta babaquice, caretice e falta do que dizer, temos que ser super heroínas mesmo. E somos. E é assim que deve ser.
















sexta-feira, 12 de junho de 2015

Solidão no dia dos "pares"

Sensível. Longe de qualquer expectativa, distante de muitas certezas. Um pouco dormente. Um tanto desiludida. Cansada. Por dentro e por fora.
Enquanto as palavras passam fluídas por mim, eu me demoro um pouco mais nessa distância.
Me sinto grata com algumas delicadezas que insistem em me fazer afagos - no peito e na alma - mas agora não sei retribuí-las, é que esse aperto ainda não se resolveu e me faz refém de qualquer esperança - mínima.
Meus discursos soam todos melancólicos, mas não há cólicas na intenção que habita as entrelinhas, só um desejo de não ser mais uma, de não ser tão pequena assim, nem tão grande.
Estou sentindo muito e por mais tempo. Tudo que me cerca, agora me habita. Talvez hajam "eus" demais em mim. Qual deles precisa de atenção e cuidados?
Quando fico assim, qualquer dor é umbilical - a minha e a dos outros. Tudo é enorme. Tudo é demais.
Estou alternando entre respirar e não respirar, abrir e fechar os olhos, pulsar e não pulsar, mas não há pausas no meu sentimento.
Estou olhando pra dentro. Enxergando grandezas que estavam escondidas nas esquinas de mim.
Vez em quando eu avisto uma paisagem bonita, que eu nem lembrava mais que existia.
Estou me amando um pouco mais.
Sensível. Perto de um afeto bem maior que eu.
Eu sou a cura pra mim.







quarta-feira, 27 de maio de 2015

Depois de ter aprendido tanto contigo essa noite, passei a sentir tudo com mais intensidade, exatamente como você me ensinou.
A tristeza veio decorrente do meu medo de perdê-lo, mas eu sorri. Senti que estava viva e que ainda haveria tanto pra sentir! Senti o sabor das lágrimas correndo pelos meus lábios que esboçavam sorrisos tímidos. Estava ali, inteira. Ouvindo aquelas músicas que, pretenciosamente posso afirmar, são só nossas. Sentindo o aroma daquela camiseta velha, o sabor das lágrimas molhando minha boca, o tato solitário das minhas mãos e milhares de outras sensações que você me ensinou a degustar.
Encontrei meu espaço tranquilo em meio ao caos. Entre melodias, lágrimas e sorrisos, te resgatei segundo à segundo. Inteira. E grata.






As brigas que tivemos quebraram meus ossos, esmagaram minhas artérias, me deixaram no chão.
De repente você chega me pedindo desculpas, catando meus pedaços, me montando de novo. 
Me refaço e meus olhos vibram, me derreto. 
Não entendo como o que me destrói também me nutri.
Me alimento das cinzas, descubro novos caminhos e tento.
Talvez amar seja isso, renascer.






quinta-feira, 21 de maio de 2015

Por onde você anda, meu amor, que não sente mais minha falta? Me resgata. Eu ando escrevendo doces poesias pra te chamar de meu toda vez que você me escapa. Escreve, grita, chama, manda notícia. Saudade só é boa quando a gente mata todo dia.


quarta-feira, 20 de maio de 2015

Hoje à tarde choveu e fez Sol...

Hoje à tarde choveu e fez sol. Ao mesmo tempo. Assim como tem acontecido dentro de mim. Já é noite e eu não sei exatamente o que eu fiz do meu dia. Tenho que tirar coisas do lugar e pôr em outro lugar, porque estou fazendo uma pequena reforma no meu quarto. E uma pequena reforma dentro de mim também. 
Estou decidida a recomeçar. Radical como sou, nem mesmo a minha cama que carrega tanta história, tanto amor, tanto ódio, tanta despedida e tantas lembranças de tantos amores, nem mesmo essa fonte de lembranças vai restar.
Eu tenho uma necessidade imensa de migrar, de partir. Ir. Desapegar. Instinto de liberdade. Síndrome de passarinho!
Sabe, meu bem, mesmo que eu fuja ao tema, sempre te encontro dentro das minhas palavras. Você que chegou agora, me convidando pra dançar no meio da chuva com sol. Você me rodopiou tanto, que bagunçou minha cabeça! Fiquei tonta com tanta doçura. Agora entendo porque você partiu sem se despedir. Você o fez assim para que a beleza dos nossos encontros constantes a cada minuto não partisse contigo.
Agora entendo, meu bem. Mas digo-lhe com certeza que mesmo que mude os móveis de lugar, ou compre livros novos, você sempre será aquele que permanecerá. Aquele que me conquistava a cada olhar. Aquele que eu conhecia pela primeira vez pelo menos três vezes ao dia! Aquele que entendia exatamente cada palavra que eu escrevia.
Sua doçura me deixou. Agora me resta te deixar.
Estou decidida a recomeçar. E dessa vez, me doar. Ser-me toda! Tempestade e calmaria. Acho que só agora começa minha primavera. No meu tempo atrasado, mas certamente mais bela.



terça-feira, 19 de maio de 2015

Quarta-feira...



Essa lágrima não é por você. É pelo contexto. Pelo todo.
Porque tem sempre alguém indo embora e eu detesto despedidas, assim como eu detesto os domingos. Mas não me cabe escolha! Tem sempre alguém partindo, tem sempre alguém chegando, mas nem sempre alguém fica.
Imagino como deve ser complicado suportar minhas intensidades e meu orgulho assustadoramente imenso. 
Tenho a sensação de que aquele pessoa, blindada, à prova de balas, imune a todas as minhas loucuras, vai me aparecer numa tarde de quarta-feira, num café. 
Talvez dividiremos um cigarro, depois, quem sabe a cama...
Mas tenho essa cisma com as quartas-feiras. Há de ser. Ainda ei de recomeçar, de me reinventar. 
Há de ser numa quarta-feira, meu bem! Há de ser!

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Metamorfose ambulante



Tenho a sensação de que quando sinto mais vontade de escrever, é quando pior escrevo. Há uma ansiedade desgastante em traduzir, transpor o que se passa nessa minha cabecinha cheia. Um tanto
inquietante eu diria.
É verdade que a vida não pára quando você está em crise. Seu trabalho continua, sua família continua, seus amigos continuam... Enfim, c'est la vie!
A gente pensa demais e age de menos. Daí surgem nossas crises interiores. Acredito que o maior problema da convivência humana são os extremos. Verdades e mentiras absolutas. Azul é indiscutivelmente azul e, não há outro ponto de vista.
O que realmente quero dizer é que é relativa a importância que damos a coisas e pessoas. Somos tão inconstantes pra termos tantas certezas.
Como dizia Raul Seixas (meu primeiro amor! Risos!), "...Se hoje eu te odeio, amanhã lhe tenho amor. Lhe tenho amor, lhe tenho horror! Lhe faço amor! Eu sou um ator!".
E por fim, aí está a essência de todas as minhas dúvidas: na inconstância.




quarta-feira, 13 de maio de 2015

(Des) Arrumando

Como toda boa mudança tem que ser, comecei com uma faxina. Incensos e disposição. Disposição forçada, diga-se de passagem. Meus olhos ainda estão tristes, mas as lágrimas servem mesmo pra limpar o pára-brisas da alma. 
Faxina sempre me cheirou a passado e saudade. Encontrei coisas lindas feitas por mim no meio dos meus livros empoeirados. Aí eu pensei: "Eu não posso ser tão ruim assim!" Então sentei no chão pra reler meus textos, cartas, rever minhas fotos... E foi gostoso me reencontrar. Li palavras de uma criança precoce, de uma adolescente cheia de sonhos, agora confrontando uma adulta frágil. Onde foi exatamente que eu me perdi? Foi nesse momento que aquela garota que eu amava ser, puxou minha orelha, me chamou pra perto e me fez rir com todas aquelas bobagens de menina. Percebi que está mais do que na hora de viver bobagens de mulher. E no meio de toda essa bagunça generalizada, eu encontrei um lugar pra colocar toda essa culpa e fragilidade que não me pertencem: lixo! Acompanhado com tudo mais que eu não queria.
Perceba que passarinhos só são bonitos mesmo voando livres. E não presos em uma gaiola, por mais confortável que ela seja. Mais bonito ainda é quando eles pousam só porque querem ficar. Porque é colorido o lugar.
Pois bem, eu sofro da "síndrome de passarinho". Quanto mais livre, mais sinto vontade de ficar. Mas quem me lembrou disso foi aquela garota de sorriso largo que no fundo ainda sou.