terça-feira, 25 de junho de 2019

Como perder o medo de flertar em 5 dicas


Antes de tudo, precisamos aliviar essa tensão: flertar é, e deve ser delicioso, despretensioso e divertido. Porque em teoria, o sentido de flertar é leve, tranquilo e sem expectativas. No entanto, quando chegamos a prática, flertar parece uma tarefa árdua e amarrotada de possíveis rejeições. Mas calminha aí! Estamos aqui para ajudar umas às outras. E como boa sagitariana que sou, flerto até em fila de supermercado. Portanto, vim aqui pra acalmar seu coraçãozinho e te ajudar neste prazeroso ofício.

Flertar consiste em um diálogo despretensioso com umas gracinhas à gosto. Por isso não se leve tão à sério, muito menos leve o outro à sério.
Não espere conhecer seu futuro amor partindo de um flerte. Pode acontecer? "Tudo pode ser. Se quiser será" como já dizia nossa rainha Xuxa. Mas se você concentrar toda a sua energia no resultado, a coisa desanda. Você fica ansiosa, fala demais, ou de menos, entra em pânico e o/a crush vai considerar chamar uma ambulância pra te socorrer tamanho desespero estampado na sua cara. Não queremos isso! 

Tenha em mente o seguinte: não existe mal nenhum em se expressar. Isso vale pra tudo na vida. Falar o que sente (ou o que não sente) evita desentendimentos, gera empatia, responsabilidade afetiva, discussões construtivas e até uns beijinhos, por que não? No flerte você mostra pra outra pessoa, sem pressão alguma, que você gostou dela. Que algo nela chamou a sua atenção. Pronto. Não dói nada. O estigma da rejeição é superestimado. Vamos colocar a mão na consciência e entender que não somos irresistíveis, mesmo sendo maravilhosas. É absolutamente natural que o outro não esteja na mesma vibração que você e tá tudo bem! Você não deixa de ser quem é por causa dos conceitos e até projeções de outra pessoa. Parte pra outra e divirta-se!
Sem mais delongas, vamos para a prática.

1. Flerte primeiro com você

Se namore no espelho antes de sair, mesmo que seja pra comprar pão. Eu sei que eu bato sempre nessa tecla do auto apreço, mas é fato que se você não se achar interessante, dificilmente outras pessoas acharão.
Mas vale ressaltar que:
Amor próprio não é obrigação. É construção. Isso vale para qualquer relacionamento, inclusive o seu consigo mesma. Portanto não se cobre uma autoestima irretocável. Se conquiste, se paquere no seu tempo. Respeite os seus momentos. Dito isso, continuemos.
Ainda no espelho, observe a fada descendente de Afrodite refletida. Olha que mulherão, que obra de Da Vinci cheia de mistérios, enigmas e malícia!
É bem por aí mesmo. Exalte sua singularidade.
Sorria, abuse das caras e bocas, se perceba. Conheça suas expressões, se observe mais. Isso gera confiança e alimenta deliciosamente sua autoestima. E nutrição pra autoestima nunca é demais.
Flerte primeiro com você.

2. esteja à vontade consigo mesma
Agora que você está bem alimentada de amor próprio, tá na hora de se exibir. Sua chegada num ambiente, online ou físico, é notada pela confiança que você traz consigo. Taí a importância do passo 1.
Não importa o quê ou quanto você veste, se está maquiada ou não, de salto ou rasteirinha. Esteja à vontade consigo mesma. Não existe nada mais sexy do que estar à vontade com o seu corpo, seu estilo, seu papo.

3. não tenho medo de interagir

Puxe conversa sem medo. Seja você, naturalmente. De forma alguma tente parecer outra pessoa para impressionar quem quer que seja. Apresente-se com a segurança natural que você já tem. Livre-se da carga de depender da aprovação do outro.

4. Mantenha contato visual e o melhor da festa: sorria!

O seu sorriso, além de contagiante, é um convite para quem está inseguro em se aproximar de você. É uma autorização informal de que está tudo bem um contato mais próximo.

5. atenção aos joguinhos!

Evite. E sobretudo não se envolva nos joguinhos dos outros. É muito chato quando um simples flerte se torna uma defesa de TCC. Se notar que o outro está caminhando para joguinhos emocionais, caia fora o mais rápido possível. O flerte não precisa doer, tampouco te fazer sofrer, se sentir rejeitada e constantemente sob avaliação. Lembre-se: é pra ser divertido!

Tudo em ordem, sem medo, sem joguinhos, interesse mútuo? Agora é com você, pequena gafanhota. Faça o que sentir vontade. O que ambos sentirem vontade.

Mas se não deu com este? Parte pra outra, sem nóia! Sua auto imagem independe das impressões do outro. Você se conhece melhor do que ninguém e uma perspectiva externa não pode validar toda uma vida de convivência consigo mesma. Você sabe que é uma ótima companhia, mas a outra pessoa tem todo o direito de não se interessar.
E por fim, lembre-se sempre de amar o próximo.
Próximooo!







segunda-feira, 24 de junho de 2019

Relações modernas e sua liquidez

Anoiteceu e eu estava distraída demais por qualquer edição de texto ou procrastinação latente. Não percebi que ele partia. Escrevi, sorri, chorei e não percebi sua ausência, como de costume. Voltei pra realidade, visitei as redes sociais e ri da atual e ridícula situação política do país traduzida (sabiamente!) em memes.  E lá estava ele, online, sem falar comigo. Deixei o orgulho de lado e o chamei pelo apelido carinhoso que nos demos. Demorou a responder e respondeu frio, como de costume.  O pouco de dignidade que me restava me dizia pra encerrar a conversa ali, já que visivelmente ele não estava interessado em falar. Nem parecia o mesmo cara de alguns dias atrás que fazia de tudo pra me ver, nem se fosse por 15 minutos pra um café e um cigarro. Mais uma vez deixei o orgulho de lado, reduzindo ainda mais a minha dignidade, tentando, sem sucesso, fazê-lo sentir alguma coisa, qualquer lembrança, alguma migalha de demonstração de afeto. Silêncio. Nenhum áudio, nenhuma mensagem. Eu o havia perdido, isso já estava mais do que claro. O que não ficou claro foi o momento em que eu o deixei partir. Eu sempre fui tão distraída... Alguns meses de paixão tórrida reduzidos a mensagens não respondidas, perdidas em algum paraíso cibernético. Não foi só um sexo incrível, uma amizade divertida, ou a melhor companhia pra fazer um som numa noite chuvosa. Foi muito mais e ele sabe. Assim como eu sei. Hoje em dia, com tanta facilidade para se relacionar, conhecer cada vez mais pessoas e com tantos aplicativos exercendo o papel de ponte entre elas, os amores têm sido mais breves, líquidos, descartáveis.  Nos interessamos tanto quanto nos entediamos com as histórias do outro, as vivências e todo o universo que nele habita. Estamos cada vez mais cheios de tantas informações vazias. Tomei um chá de camomila seguido de uma dose generosa de vodka e comecei a ler o livro que eu havia comprado pra dar-lhe de presente de aniversário. É um bom livro realmente, como ele costumava elogiar, dizendo o quanto era difícil encontrar um exemplar dele. Eu encontrei e ele nem mesmo sabe, já que decidiu se ausentar dos meus dias. Ah, a liquidez das relações modernas me intriga ao mesmo tempo que me cega. Quantas vezes fui eu quem se afastou de repente, por preguiça ou tédio?  Amanheceu. Recomecei minha rotina: escovar os dentes, banho pra despertar, um café amargo e um cigarro. Respondi as mensagens de "bom dia" de alguns "contatinhos" sem a frieza que antes me moldava para os parâmetros de decepções anteriores. Afinal, são só pessoas. Talvez um pouco perdidas, mas ainda sim, só pessoas e seus universos particulares. Continuo ainda incansável na fuga da liquidez que me esvazia. Constantemente. Logo eu que me permito transbordar sem cerimônia. Não me envergonho de ser inteira nesse mundo em pedaços e cheio de metades ocupadas demais, similares demais para se encontrar. Consequência da futilidade de criar e desfazer laços instantaneamente. O café? Inevitavelmente esfriou. Assim como a paixão que antes fervia.



quarta-feira, 12 de junho de 2019

Quando a representatividade se torna tóxica: até onde ir em busca de likes?


Representatividade salva vidas e isso é inegável. Mas por muito tempo, nós mulheres, passamos despercebidas, à margem da sociedade, de segundo plano pra baixo, com opiniões desvalorizadas e todas as nossas vontades invisíveis. Ou melhor, visíveis apenas como objeto para apreciação masculina.
Atualmente, passamos a nos enxergar na mídia, na publicidade, na moda, no entretenimento e mais. Isso é representatividade. Não mais como objeto, mas como geradoras e consumidoras de conteúdo. Lacuna essencial para evolução da sociedade e empoderamento feminino. Precisávamos ser lembradas como geradoras de capital, consumidoras e assim por diante.
Porém, como nem tudo são flores, existe um momento em que aquilo que deveria nos representar se torna algo tóxico. Isso acontece quando parte-se para glamurização/banalização de tudo, sobretudo do dia-dia. Daí em diante você já não se identifica mais com aquela “realidade” e mais uma vez, não se sente mais representada. É esse o gatilho que te faz pensar que sua vida é uma droga, afinal todas as pessoas que você admira e se espelha tem uma vida muito diferente, atraente, nada comum, tal qual você não tem.

Spoiler: tá todo mundo mal.

A internet é um campo de muitos encontros, mas também é o lugar comum de muita solidão glamurizada.
Há 1 mês mais ou menos, eu decidi me desligar um pouco. Além da reflexão proposta aqui, meu afastamento das redes foi um alívio para minha saúde mental. Manter-se bem informada na atual conjectura e ainda mentalmente saudável, é desafiador. Pausas são necessárias. E particularmente, estava perdida nesse universo de superficialidades. Quando você consome e gera conteúdo, isso é muito corriqueiro. Ninguém está imune. Independe de fraqueza.
O que me fez querer sair desse looping foi algo muito simples: uma foto postada por uma das influencers que admiro muito e por quem me sinto muito representada. A questão não foi a nudez. Era de hábito dela e meu também, porque além de consumir, também gero conteúdo. Já me despi diante das lentes várias vezes com o objetivo de inspirar outras mulheres a amarem a si e seus corpos. Mostrando que cada detalhe, cada dobrinha, cada cicatriz, é uma história contada em silêncio.
O que me chamou a atenção foi o desconforto ao expor seu corpo num momento em que ela não queria fazê-lo. Aquele já não era um ato de empoderamento e inspiração como de costume. Era apenas uma forma de alimentar as redes em busca de engajamento, likes e followers. Neste ponto de interpretação, entenda a nudez "coagida" como despir-se de todas as suas defesas e estar vulnerável diante de desconhecidos. Seja tomando decisões simples que caberiam somente a você, mas considerando a opinião de terceiros, à perder-se numa realidade virtual, esquecendo-se que a vida real e o seu tempo estão passando sem que você note.
Foi aí que me perguntei até onde devemos ir para conseguir a devida atenção nas redes de aparências. E qual o real significado da buscar por tantos seguidores e tanta audiência, se para isso eu preciso estar desconfortável e com o psicológico afetado. No fim do dia só restam o desconforto e a solidão indesejada, junto a um monte de likes e a simulada (ou dissimulada) aprovação de pessoas que provavelmente você nem conhece. Vale a pena? Vale a pena trair a si mesma? Qual a importância da aprovação alheia se tudo o que você precisa é a sua própria aprovação?

O amor próprio também consiste em dizer não.

Gerar conteúdo dessa forma, baseado em auto-desconforto e na exposição forçada é tão tóxico pra quem gera quanto pra quem consome. Mas indiscutivelmente mais tóxico pra quem gera. Estamos num momento de ascensão do empoderamento feminino e é inaceitável que ainda compremos a ideia de qualquer tipo de manipulação pela audiência. Sua saúde mental vale muito mais do que isso. Esteja confortável na sua pele, nas suas redes, em qualquer lugar. E se mostre sim, o quanto quiser. Você pode e deve, se essa for sua vontade. E não a vontade dos outros.




terça-feira, 11 de junho de 2019

Responsabilidade Afetiva

Tá aí uma coisa da qual eu sempre falei, conhecia bem, mas não exercia: responsabilidade afetiva.   

Em momentos em que eu não estava pronta ou disposta a me relacionar (como agora), permitia que pessoas entrassem na minha vida sem me responsabilizar por possíveis danos. Fosse por carência ou auto-afirmação, existia a necessidade de provar pra mim mesma e para os outros que eu sou especial. Mas na real eu não sou. Na real ninguém é. E carregar isso como uma verdade, é pesado. 

Afinal, se você de fato é especial, você precisa agir como tal. Um looping que, definitivamente, não vale a pena ver de novo.  


É impossível deixar de conhecer pessoas. Somos sociáveis por natureza. E seja comprando pão ou navegando nas redes sociais trancado em sua masmorra, você vai conhecer pessoas. Por exemplo, nesta janelinha para o mundo (internet), qualquer atitude sua numa vastidão de aparências, vai te apresentar pessoas. E tá tudo bem.   


Porque o problema não é conhecê-las, o problema é omitir que, embora sua porta esteja aberta, você não está apto para visitações.   Falo isso como alguém que passou boa parte da vida confusa a respeito dos próprios sentimentos, momentos e fases. É a questão da auto-afirmação que quando se é muito jovem (independente de idade), torna-se um hobby. 


Mas por favor, não espere tanto tempo assim pra cuidar da expectativa do outro. Porque a expectativa do outro sobre você, também é sua responsabilidade. Procure deixar claro se você está ou não disponível emocionalmente. E se você não souber em que fase da vida está, é exatamente neste momento em que não deve permitir visitantes. Afinal, não é justo a sua indecisão pessoal afligir as certezas do outro.