Tu te tornas eternamente (ou até quando você quiser) responsável pelas relações tóxicas que cativas. Sinto dizer isso assim de cara. Precisei passar por tantas e bem peculiares para fixar esse mantra na minha vida.
Dentro dos nossos vínculos afetivos, atraímos o que acreditamos merecer, inconscientemente. Ninguém atrai algo/alguém que futuramente irá causar transtornos e assuntos maçantes na terapia de maneira proposital.
E de antemão aviso: esse texto não é sobre mocinho e bandido. Na vida real essa teoria não funciona. Afinal somos todos mocinhos, bandidos, figurantes, coadjuvantes, protagonistas, editores, dependendo de cada situação e/ou ângulo. Ninguém se caracteriza puramente por uma coisa só.
Das relações insatisfatórias (e essas independem da vertente), precisamos aprender a assumir nossa parcela de responsabilidade. Responsabilidade, não culpa. Cultivar em si a sensatez de reconhecer o momento em que chegamos à margem do tóxico.
Basicamente, relações são construídas pelo exercício do ceder. E ceder não é o mesmo que se anular. Essa confusão entre os significados das palavras também contribui para o ápice do ruir. Cada um cede o seu tanto, sem abrir mão da própria essência e principalmente, sem violar seus próprios limites.
É muito comum, por carência ou solidão, cedermos além da conta, acostumando o outro a permanecer em sua zona de conforto enquanto ficamos altamente desconfortáveis. O ceder precisa ser mútuo.
E se a banda não toca nesse ritmo, o tempo passa, os impasses tornam-se constantes e maiores. E quando assistimos tudo ruir, ainda ficamos surpresos. Os sinais estavam ali o tempo todo e mesmo assim nos surpreendemos com os fins.
Tão somente humanidade com pitadas de tolice. Tolice que todos temos independente da idade. Isso é absolutamente natural. E até saudável.
Sentimo-nos tão feridos e decepcionados, sem sequer questionar a nossa contribuição para o fracasso. Esquecendo completamente que tal como somos humanos, os outros também são. Tão óbvio. Tão ignorado. Porque se eu sinto, o outro também sente e vice-versa. Empatia: falta. Julgamento prévio: sobra.
A parcela de responsabilidade a qual me refiro, trata-se basicamente de conhecer e estabelecer seus limites. Respeitá-los e não violá-los. Se eu não respeitar os meus limites, ninguém mais respeitará.
Relação saudável é quando somos realistas um com o outro. Quando entendemos que cada um tem sua bagagem e suas próprias trips, resolvidas ou não.
Você não precisa "aceitar" o caminho do outro até você. Precisa aceitar seu próprio caminho, afinal é só isso que lhe diz respeito.
Não importa o tipo de relação estabelecida. O respeito precisa estar acima de qualquer coisa. Sobretudo o respeito por si mesmo. E consequentemente o respeito pelo outro. Entendi a parte boa disso tudo. E, claro, a ironia. Cruzar limites é diferente de viola-los. Entretanto, alguns limites estão sujeitos à negociação. Apenas alguns. Esse aprendizado permanece independente das relações futuras. Portanto, não tenha medo de encerrar capítulos. Não é só a sua saúde mental que agradece. Você por completo será gratidão.