terça-feira, 31 de julho de 2018

"As mulheres são complicadas!"

Muitos homens acham as mulheres complicadas.
“Ora, ora, temos uma Sherlock Holmes aqui!” Tenho certeza que você acabou de pensar isso com ironia.
Mas é um fato: somos vistas como enigmas indecifráveis, inconstantes, “loucas”, doces e amargas ao mesmo tempo, passeando por todos os lugares das mentes destes pobres, indefesos homens mortais. A versão moderna da Esfinge de Tebas.
Devo confessar que me diverte muito todas essas indagações, porque na real, não é nada disso. Não o tempo todo. Toda mulher guarda mistérios que, não importa a pressão que elas sejam submetidas, jamais revelarão. Até porque, algumas não conhecem seus próprios oceanos. Deveriam, mas cada uma no seu tempo. Sem pressa. Sem aperto.
O autoconhecimento é constante e exige paciência. Aí está a importância de não se cobrar demais. Não sucumbir a ansiedade de, imediatamente saber quem é. Afinal, mudamos o tempo todo. O que eu sei de mim hoje, pode e provavelmente vai mudar daqui um tempo. É a busca pelas respostas que transforma e não necessariamente as respostas.
Mas o poder de uma mulher, aquele que não pode ser tirado dela, não está na sua beleza, no dinheiro, num batom ou num salto alto, até porque tudo isso pode acabar com o desgaste do tempo ou com o excesso do uso. O poder da mulher está em reconhecer-se, enxergar-se como uma mulher poderosa. Não poderosa do tipo “mulher-maravilha”. É o poder de não se render por tão pouco, de saber que merece mais e buscar por isso. É ter inteligência emocional não só nos momentos de calma, mas nas adversidades também. Acreditar em si, independente de qualquer opinião contrária a isso. Sentir plenamente que tem as rédeas da própria vida e que todas as decisões cabem somente a ela. Ter a consciência de que, se as coisas saíram do controle, é preciso buscar calma antes de agir. Respirar. Eu sei, sei muito bem que não é fácil. Mas vale a tentativa. Se você sabe os seus pontos fortes e fracos e se conhece, voilá! Saiba quem você está e saberá como agir. O ser é pura metamorfose. 
Talvez seja essa a incógnita da mulher: a capacidade de se reinventar tão naturalmente quanto despertar pela manhã. Basta um click na psique dela. Algo que pode acontecer à qualquer hora do dia mais comum. Impossível de ignorar. Arrisco comparar com um beliscão, só que na alma. Superamos com maestria as dores (internas e externas), paixões sem futuro, um babaca qualquer, problemas emocionais e até financeiros.
Deve ser confuso mesmo presenciar tal evento. Talvez seja essa a “confusão” constantemente associada a nós. Somos muitas dentro de uma só, mas ainda assim escolhemos a melhor versão de nós independente do momento. É uma escolha instintiva, portanto não tente lutar contra isso. Intuição não é nada místico. É a sua vivência ligada a sua essência avisando o perigo. Ou o gozo, claro. Nada além de uma conferida básica no histórico. Portanto não tenha medo de usar sua intuição, nem de confiar em si mesma. Porque não somos complicadas. Somos apenas uma variante mais funcional do ser humano. Os homens que me perdoem, mas é de conhecimento geral a magnitude da mulher.



terça-feira, 24 de julho de 2018

Canes: Sol, mar e amor

Em meio à babel de um cotidiano sistematizado, planificado, de horas marcadas e preenchidas, fui desviada para uma atmosfera de ar puro (segundo dados aleatórios de pesquisas de mesas de bar), muito verde, a textura da terra úmida direto nos pés e vento com cheiro de mar. Restava-me agradecer ao universo pela bagunça e suas surpreendentes conjecturas.

Minha sorte é esbarrar com gente que sabe se mostrar. E como o extraordinário se esconde em gestos pequenos, não é difícil notar se permanecemos de olhos abertos para o novo. Tudo se torna novo sempre que mudamos de ângulo, passeando por ópticas diversas.

Cidade pequena, moça estranha da cidade grande e com quase 2 metros de altura... Poderia ser uma profecia de Raulzito. Mas era só uma forasteira procurando onde comprar cigarros numa tarde de quarta-feira. Sorridente, a poetisa se deleita com a paz do lugar e o som do mar preenchendo qualquer silêncio.

Embora fosse novo o lugar, sosseguei no meu lar, que sou eu. E da janela de mim, não deixei passar um detalhe sequer. Engana-se quem pensa que eu sou deveras distraída. Para tudo que estimula minha curiosidade, permaneço atenta, mesmo em meu silêncio previsivelmente cogitativo.

Eram muitos os planos e cronogramas bem organizados. Mas ao chegar, deixei os planos e as malas no chão. Deixei-me bagunçar por ele, de olhos tão atentos aos meus movimentos e expressões. A desordem deu-se à mente, aos cabelos, pernas entrelaçadas, à casa e às horas correndo, fugitivas dos ponteiros. Como dizia Saint-Exupéry: “Quando o mistério é muito impressionante, a gente não ousa desobedecer.”.

Ao findar o dia, tinha decorado ¼ da sua geografia. Talvez mais, nunca fui muito boa em geografia. Logo voltei a desbravá-lo, tentando mapear suas pintas e contornos. Ele prontamente fez o mesmo sem hesitar. Por horas, talvez dias, não tenho certeza, nossos olhos passearam um pelo outro, encontrando-se vez ou outra num sorriso de rosto todo (que sorri boca, dentes, olhos, sobrancelhas e pupilas dilatadas). E enquanto me fitava, sussurrava asneiras tormentas:

- Você existe de verdade?

Deixei-lhe apenas um poema, escrito à próprio punho como prova de que eu estive ali. Um poema. Nada mais, nada menos.

Acordei na cidade grande, com barulhos de buzinas, apressados e seus cicerones. Se outrora as horas pareciam correr, agora se arrastam preguiçosas, tentando alcançar o ritmo da vida prática, junto às massas que se apressam em exceder seus ciclos e, acelerar o tempo em que não haverá mais tempo.

Me permiti não questionar,  abrindo os paladares, degustando memórias, esboçando sorrisos de rosto todo, despertando os sentidos.

E num dia frio de julho, me aqueci com fragmentos daqueles dias em Canes.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

Se ele gostasse, você saberia

Estava num barzinho com alguns amigos e não pude deixar de ouvir o papo da mesa ao lado. Duas mulheres: uma questionando o porquê de fulano não ter ligado, o porquê de não mandar mais mensagem, o porquê do dito cujo ter sumido... (pausa dramática para um déjà vu). E a outra buscando mil justificativas para o caso, tais como:
Ele não está pronto para um relacionamento sério;
Ele está com medo dos próprios sentimentos;
Ele está se dedicando demais ao trabalho;
E daí pra pior.
Por que mentimos umas pras outras na tentativa frustrada de nos agarrarmos à antiga bandeira da esperança de um final feliz com pássaros azuis cantando? Temos tanto medo de dizer a verdade, afinal é uma fantasia em que (quase) todas acreditaram.
A grande maioria das mulheres se apaixona pela possibilidade de um relacionamento e não pelo cara. Cá entre nós: quantos encontros você enfeitou pra si mesma e para as suas amigas quando na verdade nem foi tão bom assim?
Nós ouvimos o tempo todo, desde a infância, o quanto é importante casar e construir uma família. E se por acaso fugimos a esse script, demos errado como mulheres. Não, minhas caras! A realidade é outra.
Primeiro é preciso estabelecer uma real relação de amor por si mesma. É clichê, eu sei. Mas nenhum clichê é clichê à toa. Você é a pessoa mais importante a ser conquistada. Já experimentou passar um tempo apenas consigo mesma? Conhecer as coisas incríveis que você é capaz de fazer? Estimular seus talentos e descobrir novos? Você é uma companhia maravilhosa! Por que não apreciá-la?
Não há nada mais sedutor do que uma mulher que sabe que é incrível. Que se conhece e se ama em todos os detalhes. A energia que emanamos quando estamos à vontade conosco é contagiante. Não tenha dúvidas disso. E caso tenha, experimente. Nada melhor do que experiências próprias pra tirar qualquer interrogação da jogada.
Se você se pergunta demais sobre o que o outro sente, tentando ler os “sinais”, as entrelinhas, o mapa astral... No fundo já sabe a resposta: ele não está tão afim de você. E ESTÁ TUDO BEM! A gente sempre, SEMPRE sabe quando de fato existe o gostar. Quem gosta não suporta esconder o afeto! É sufocante!
A ausência desse afeto não significa que você é menos capaz, inteligente ou atraente. Na verdade não significa nada. Não leve tudo tão à sério. Parte pra outra! Flertar é delicioso e divertido quando há leveza, sem expectativas.
Homens não costumam fazer joguinhos (exceto os artistas da sedução, que traçam estratégias para seduzir. Mas estes são poucos e não é sobre eles que estamos falando). Quando gostam, não hesitam em demonstrar.
Saudades “pontuais”, às 02h30min da manhã de uma quinta-feira, não passam de carência. Definitivamente não é o mesmo que gostar ou estar apaixonado. Fica ao seu critério saciar o seu desejo também, consciente de que, por mais que pareça um romance, não é.
Quem gosta liga, manda mensagens e até viaja 300 km de bike nem que seja só pra um café ao seu lado. Pra quem gosta não existem dias ruins, trabalho demais, cansaço ou tempestade que impeça um encontro.
Quem gosta, dança na chuva cantarolando “Singing In The Rain” sem medo de ser ridículo. Ou de pegar um resfriado.


sexta-feira, 13 de julho de 2018

Encontros e despedidas

Em cada fase da nossa vida, pessoas vêm e vão. E isso não tem nada a ver com falsidade ou deslealdade. É um processo natural. Levamos e deixamos um pouco de nós em cada cantinho do mundo. Não brigue com esse processo. Tampouco tente achar justificativas ou culpados. Essa postura só vai te machucar. O mundo não está contra você. Ninguém está. Calma.
A vida é uma caminhada constante. O tempo não para, os seus pés também não. Certo que há momentos em que algumas relações parecem nos fazer flutuar, trazendo descanso aos pés já muito calejados. E é essa sensação que nos faz querer ficar. Entenda que toda relação saudável é uma troca. E o próprio tempo e as metamorfoses de cada um desgastam essas trocas. Não existe vilania alguma nisso. As mudanças são saudáveis.
Se seguir adiante, vai perceber quantas experiências incríveis poderá viver e quanta gente ainda vai conhecer. Seja paciente consigo mesmo. A pressa é uma mácula medíocre. Aqueles que passaram têm um pouco de você. E você, um pouco deles. Seja grato e siga.
Deixe ir sem mágoas. Agradeça pela visita. E quando deixar novamente alguém entrar, deixe-o à vontade para ficar ou partir. Não esqueça de que você é inteiro e que ninguém pode preencher algo que está cheio. Apenas diminua suas expectativas. Ame e viva sem julgamentos, cobranças e expectativas. Tudo chega ao fim e isso não significa que deu errado. Significa que deu certo em todas suas fases, inclusive no final.