sexta-feira, 26 de junho de 2015

Redes sociais (as verdadeiras)

Antes da internet ser viral, nós usávamos telefones públicos e economizávamos as unidades do cartão telefônico pra falar mais. Enviávamos cartas e pra ver uma foto, tinha que esperar revelar. Você não tinha escolha, senão esperar. Éramos mais pacientes. Era aterrorizante ficar sem créditos, não sem wifi. E quando você tinha poucos créditos, a saída era "falar 3 segundos". Nossa! Me lembro de ter dito "eu te amo" pela primeira vez por 3 segundos. E a pessoa do outro lado, aos prantos respondeu: "Eu também te amo", durante 4 ligações de 3 segundos.
Os encontros de amigos eram mais frequentes. Era uma rede social calorosa, de fato. As paixões fugiam do imediatismo. Sim, éramos mais pacientes. Pra ver a nudez de alguém, fosse paquera, namorado ou aspirante a namorado, tinha que ser cara a cara. Os encontros, acima de tudo eram de olhares. Não curtíamos fotos pra paquerar, passávamos bilhetes na sala de aula convidando pra dividir o lanche. Correndo um sério risco do bilhete cair em mãos erradas e ser punido com o "cantinho do bobo". 
Eu e minhas amigas, tínhamos que nos encontrar pra contar as novidades diariamente. Geralmente tomando tubaína (refrigerante muito doce e barato na época). Nada era irrelevante, tudo era importante pra nós. Trocávamos os nomes das pessoas pra poder falar sobre elas em segurança. Joãozinho era Lorena, Marquinhos era Mariana e assim por diante. 
Nós líamos mais, assistíamos desenhos de manhã, passeávamos com nossos cachorros por 2 horas como desculpa pra ficar na rua, porque nossos pais estabeleciam horários pra sair e pra voltar. Minha mãe ia me buscar na rua quando eu passava do horário, juntamente com as outras mães e não nos envergonhávamos delas, jamais! 
Tudo isso pode parecer bobo pra geração de hoje, tão ávida, com pressa e cheia de opiniões vazias.  Mas sabe de uma coisa? Era bom e verdadeiramente feliz. Éramos, inevitavelmente mais próximos uns dos outros. E acreditem, não há nada melhor do que calor humano e olhos nos olhos. Então depois de ler todas essas bobagens de uma outra época, me diz: você já "curtiu" a presença da pessoa que está ao seu lado hoje? Pois, faça-o agora! Experimente a delícia de olhar pra alguém e esse alguém te olhar de volta. 









quinta-feira, 18 de junho de 2015

Como é ser gorda(o) numa sociedade livre de gorduras trans

   Tenho lido tanto sobre como é um absurdo ser gordo e de como somos sedentários e inúteis pra sociedade. Somos a gordura trans do pacotinho de batata frita. Será mesmo? Me pergunto, como pode haver tanta opinião destorcida sobre gordos e gordas em tempos ditos modernos. 
   Mas vou te contar como é e como deveria ser. Existem milhares de "médicos" espalhados nas redes sociais e na vida real com seus discursos de saúde, academia, séries de três e sucos detox. Vem com aquela conversa de que a saúde está em primeiro lugar e que ser gordo é ser doente. Tem aqueles ainda que dizem que o termo plus size é abominável! Como pode uma gorda ou gordo ser miss/mister de alguma coisa? 
   O que essas (in)felizes pessoas não imaginam que há alguém do outro lado do computador que já anda tão cansado de rótulos ofensivos, deprimentes e ainda se vê obrigado a aturar mais um comentário estúpido. Mais um, ou dois, ou mais. Todos os dias. No trabalho, na escola, faculdade, família... Sincericídio? Não! Isso é ignorância. Das piores! Daquelas que ferem fundo. Deixam cicatrizes pra vida toda. Não é exagero, meus amigos. 
   Por que um gordo só pode ser bonito de rosto? Temos a máquina mais engenhosa de toda a existência! O nosso corpo, que é belo, magnífico! Somos lindos de rosto e de corpo também, por que não? 
   Vivemos numa sociedade onde é "feio" ser gordo, ser magro, ser gay, ser hétero, ser "crente", ser ateu... Enfim, tudo é inaceitável. É aquela velha história de "I can't get no satisfaction!". Se buscássemos ser mais HUMANOS com as diferenças alheias, viveríamos num ambiente minimamente sensato.
   Ora, a beleza está nas diferenças! Afirmar que todo gordo é doente é o mesmo que dizer que todo baiano é preguiçoso. E convenhamos, isso faz mesmo algum sentido? 
   Vamos nos livrar dessas máscaras e sobrepeles! Olhe pra si e tente enxergar a VOCÊ mesmo. Suas opiniões não solicitadas estão mesmo fazendo bem pra alguém? Pense antes de falar. Pense antes de postar suas opiniões cheias de preconceito. Gaste o seu tempo em conhecer-se melhor. Garanto que será muito mais válido.
   E por fim, não podia deixar de mencionar, rapazes que se relacionam com GGrandes mulheres: valorize-a. Ame-a como ela é e quem ela é. E sabe o que ela é? Incrível! Somos verdadeiras mulheres maravilhas que tem que salvar o nosso universo particular todos os dias. Porque pra enfrentar tanta babaquice, caretice e falta do que dizer, temos que ser super heroínas mesmo. E somos. E é assim que deve ser.
















sexta-feira, 12 de junho de 2015

Solidão no dia dos "pares"

Sensível. Longe de qualquer expectativa, distante de muitas certezas. Um pouco dormente. Um tanto desiludida. Cansada. Por dentro e por fora.
Enquanto as palavras passam fluídas por mim, eu me demoro um pouco mais nessa distância.
Me sinto grata com algumas delicadezas que insistem em me fazer afagos - no peito e na alma - mas agora não sei retribuí-las, é que esse aperto ainda não se resolveu e me faz refém de qualquer esperança - mínima.
Meus discursos soam todos melancólicos, mas não há cólicas na intenção que habita as entrelinhas, só um desejo de não ser mais uma, de não ser tão pequena assim, nem tão grande.
Estou sentindo muito e por mais tempo. Tudo que me cerca, agora me habita. Talvez hajam "eus" demais em mim. Qual deles precisa de atenção e cuidados?
Quando fico assim, qualquer dor é umbilical - a minha e a dos outros. Tudo é enorme. Tudo é demais.
Estou alternando entre respirar e não respirar, abrir e fechar os olhos, pulsar e não pulsar, mas não há pausas no meu sentimento.
Estou olhando pra dentro. Enxergando grandezas que estavam escondidas nas esquinas de mim.
Vez em quando eu avisto uma paisagem bonita, que eu nem lembrava mais que existia.
Estou me amando um pouco mais.
Sensível. Perto de um afeto bem maior que eu.
Eu sou a cura pra mim.