domingo, 12 de novembro de 2017

Asneiras Poéticas

Minha paixão é totalitária 
Me consome até a última ponta 
Queimando os meus lábios 
Me subtraindo as palavras 
Dedilhando entre minhas pernas 
A melodia ainda desconhecida por pessoas rasas
Os Deuses me conceberam com fogo 
E como já dizia o ditado: 
Quem com fogo ama 
Com fogo será amado  
Se chamas atravessam minhas entranhas 
O tíbio não apetece paixão tamanha 
E não lhe é apetecível tais chamas 
Porque ignora a paixão tórrida que habita o fundo de sua mente puritana   
Fujo de gente morna 
Porque sou poeta 
E a paixão é o combustível da inspiração 
As palavras que saem da minha boca e do meu punho esquerdo   
São tão somente o clímax da arte nua em pleno orgasmo ávido   
O poeta, em sua humilde função de proporcionar ao leitor pequenas fugas, 
é a indecorosa mão debaixo da saia da Monalisa 
E o seu sorriso misterioso é a poesia indecifrável do sagrado feminino.

sábado, 4 de novembro de 2017

Dolce Far Niente

Sensível. Longe de qualquer expectativa, distante de muitas certezas. Um pouco dormente. Um tanto desiludida. Cansada. Por dentro e por fora.
Enquanto as palavras passam fluídas por mim, eu me demoro um pouco mais nessa distância.
Me sinto grata com algumas delicadezas que insistem em me fazer afagos - no peito e na alma - mas agora não sei retribuí-las, é que esse aperto ainda não se resolveu e me faz refém de qualquer esperança - mínima.
Meus discursos soam todos melancólicos, mas não há cólicas na intenção que habita as entrelinhas, só um desejo de não ser mais uma, de não ser tão pequena assim, nem tão grande.
Estou sentindo muito e por mais tempo. Tudo que me cerca, agora me habita. Talvez hajam "eus" demais em mim. Qual deles precisa de atenção e cuidados?
Quando fico assim, qualquer dor é umbilical - a minha e a dos outros. Tudo é enorme. Tudo é demais.
Estou alternando entre respirar e não respirar, abrir e fechar os olhos, pulsar e não pulsar, mas não há pausas no meu sentimento.
Estou olhando pra dentro. Enxergando grandezas que estavam escondidas nas esquinas de mim.
Vez em quando eu avisto uma paisagem bonita, que eu nem lembrava mais que existia.
Estou me amando um pouco mais.
Sensível. Perto de um afeto bem maior que eu.
Eu sou a cura pra mim.