Minha paixão é totalitária
Me consome até a última ponta
Queimando os meus lábios
Me subtraindo as palavras
Dedilhando entre minhas pernas
A melodia ainda desconhecida por pessoas rasas
Os Deuses me conceberam com fogo
E como já dizia o ditado:
Quem com fogo ama
Com fogo será amado
Se chamas atravessam minhas entranhas
O tíbio não apetece paixão tamanha
E não lhe é apetecível tais chamas
Porque ignora a paixão tórrida que habita o fundo de sua mente puritana
Fujo de gente morna
Porque sou poeta
E a paixão é o combustível da inspiração
As palavras que saem da minha boca e do meu punho esquerdo
São tão somente o clímax da arte nua em pleno orgasmo ávido
O poeta, em sua humilde função de proporcionar ao leitor pequenas fugas,
é a indecorosa mão debaixo da saia da Monalisa
E o seu sorriso misterioso é a poesia indecifrável do sagrado feminino.