segunda-feira, 3 de abril de 2017

Cansaço de segunda

Eu corri a semana inteira. Pra não me atrasar, pra atender as necessidades de quem amo, pra atender as minhas necessidades, pra não perder um banho de chuva. E nesse banho de chuva, eu vi que tava cansada. 
É difícil dar de cara com seus erros e ter que lidar com eles assim, de bate pronto. Impossível não se julgar. Há quem queira ter sempre razão, e há quem só queira ter paz. Eu confesso que tô no meio. Tá aí, mais um defeito.
Não, não é auto-piedade. Tá mais pra se despir das máscaras sociais, se olhar no espelho e enxergar seus próprios demônios. Daí você fica com medo e repúdio, ou você os abraça. 
Já passei por muita coisa e em todas essas eu aprendi que nada é por acaso. E que as vezes a chuva é só uma chuva, sem nenhuma mensagem subliminar poetica. E o cansaço que permeia as trivialidades mais humanas é só o teu corpo ou tua mente te pedindo um tempo. As vezes a gente desanima mesmo e não há nada de errado nisso. E o cansaço é resposta tal como é dúvida.
O primitivo é tosco, bruto, puramente instintivo imune às firulas da evolução. E necessário. Em meio a tanta evolução que afasta e aproxima, reprime e liberta, informa e ludibria, o primevo põe seus pés no chão. É só prestar atenção. 
Faz as pazes com suas sombras. Eu continuo tentando daqui, com um cigarro vagabundo entre os dentes.