segunda-feira, 9 de setembro de 2019

As perdas e A Teoria do Apego

Todos nós lidamos com perdas diariamente. Seja a perda das chaves até a perda de alguém para a vida e outros deleites, ou até mesmo a perda para a morte. O fato é que as perdas estão sempre presentes no nosso cotidiano, gostemos ou não. E entre uma perda e outra, nosso emocional vai se modificando, geralmente se enfraquecendo. De todo modo, nenhum de nós está imune a alterações emocionais. O que difere uns dos outros, é o modo em que encaramos os apegos e desapegos que nossos caminhos nos proporcionam.
É aqui que entra A Teoria do Apego, criada pelo psicológico e psicanalista inglês, John Bowlby, que em meados dos anos 50 e 60, se dedicou a escrever e estudar sobre as dinâmicas dos nossos relacionamentos monogâmicos e a forma em que nos apegamos as pessoas. Nestas décadas de estudo, Bowldy notou que haviam tipos de dinâmica recorrentes, e as dividiu em três grupos de pessoas. A pessoa do tipo A é caracterizada como segura, saudável, e que não tem dificuldades em criar, nem desfazer laços. 
A pessoa do tipo B é tida como ansiosa. Que está sempre com medo de ser deixada para trás ou abandonada.
E a pessoa do tipo C que é distante/dissociativa. É a pessoa que se sente sufocada pelo excesso de afeto.
É importante ressaltar que a maioria das pessoas não se encaixa no tipo A.
Geralmente estamos encaixados nos tipos B e C, simultaneamente, dependendo das relações em que vivemos.
Todas essas dinâmicas não surgem do nada. Estas estão diretamente ligadas a pequenos ou grandes traumas da infância. E de antemão, é preciso entender que, encaixar-se nos tipos mais problemáticos de comportamento, não nos torna pessoas ruins. Significa apenas que estamos ou fomos machucados e que as perdas constantes que sofremos, não foram superadas.
Para além deste estudo, é comum nos apegarmos constantemente a alguém, a um bom emprego, estabilidade financeira e emocional, ou a um estado de espírito. Para nós, tipos B e C, é difícil conciliar a ideia de que tudo chega ao fim, embora esta seja a única certeza que temos, ou até mesmo lidar com afeto excessivo. 
E, gradativamente, esta negação de realidade, nos deprime, nos adoece. E este é um dos passos para transtornos psicológicos mais graves.
Não há nada de errado em quebrar-se quando a corda no pescoço aperta. É natural do ser humano seguir por este caminho e buscar qualquer tipo de fuga. Se você que está lendo este texto está sentindo-se quebrado, saiba: você está sendo apenas humano e está tudo bem.
É importante entendermos nosso passado, nossa história e as dinâmicas de comportamento que vieram muito antes desta dinâmica atual se estabelecer. E por mais clichê que pareça, autoconhecimento é a chave para abrir aquele quartinho escuro de emoções reprimidas, e dar uma boa geral nele. É preciso, sobretudo, ir fundo em si mesmo, por mais doloroso que isso pareça. Toda cura e todo anestésico emocional está dentro de nós. Não há resposta fora. E este é o principal e mais admirável trabalho da psicologia: extrair as dores e colocá-las na mesa para que elas possam ser enfrentadas, resolvidas e, principalmente, perdoadas.
Como última, mas não menos importante sugestão de auto análise, recomendo que você fale. Apenas fale em voz alta. Dê nomes as aflições. Quando a gente fala e, consequentemente se escuta, aprendemos muito sobre nós e entendemos melhor nossos problemas. É preciso dar nome as coisas. Não há nada melhor do que conversar consigo mesmo, afinal você será sua mais fiel companhia pelo resto da vida. Mas caso você se sinta desconfortável em falar sozinho e no momento não exista a opção de fazer terapia, existe um canal de comunicação que funciona 24 horas, onde você pode desabafar e finalmente dar nome as suas dores. Existem voluntários sempre disponíveis para te atender, sem julgamentos. Eles querem, acima de qualquer coisa, te ouvir e te fazer se ouvir. O CVV oferece apoio emocional de forma sigilosa e com todo respeito. O telefone deles é o 188 para todo país. Mas clicando aqui, você encontra outros meios de se comunicar, caso deseje falar de outras formas.
Para finalizar, tá todo mundo mal. E se estamos todos mal, estamos juntos nisto também.
Você não está sozinho.





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