segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Amor próprio nos dias difíceis - Os bastidores de nós

Muito se fala em amor próprio e da importância de se amar sempre. Eu mesma vivo batendo nessa tecla. Mas e os bastidores de nós? E quando o discurso não condiz com a realidade? Vivemos hoje numa realidade editada, cheia de filtros e pensamos que a grama do vizinho é sempre mais verdinha. Mas, provavelmente, a grama do vizinho também está cheia de filtros instagrâmicos. A gente se pega almejando o que não é real. Isso nos faz pensar que só os nossos dias são difíceis. Ledo engano.
Nossas emoções são muito mais complexas do que pensamos. Muitas atitudes são reflexos de acontecimentos que sequer lembramos, mas estão lá, no inconsciente. Somos movidos por gatilhos. Há inúmeros estudos sobre a mente humana, mas até hoje permanecemos mistério. Por vezes, palavras aparentemente inofensivas, despertam sentimentos que jamais conhecemos até que eles aflorem. Portanto, somos eternamente desconhecidos à nós mesmos. Mas o que isso tem a ver com amor próprio? Bem, amor próprio é construção. E toda construção leva tempo. Geralmente para construir é preciso demolir o que existia, fazer uma boa faxina e só depois da queda e da ruína, temos a possibilidade de recomeçar. Reconstruir. Para isso que servem os dias ruins. Quando está difícil demais ser gentil consigo mesmo, sugiro que não seja. Não seja hipócrita contigo. Além da era dos filtros, estamos também na era da gratidão no matter what. Não importa o que ou como você está se sentindo: gratidão. Esse tipo de positividade é tóxica. Emular seus sentimentos não vai ter fazer sentir melhor. Falar sobre eles vai. Mesmo que seja uma conversa íntima consigo mesmo. Diz o que dói, onde dói. Mexe nas frustrações, no incômodo. Diz no espelho tudo o que não gosta. Quebra, desmantela o que aflige e só depois construa uma nova visão de si. Perceba o tanto de demolições e construções pelas quais você já passou e sobreviveu, atento e forte. Porque amar é ser sincero. Se você não consegue ser sincero contigo, não conseguirá ser com ninguém.  A cura nunca foi ignorar os sentimentos e sim colocá-los na mesa. Absorver o que for relevante, filtrando o que serve, ajeitar as partes machucadas. Isso é amor próprio. Voltar sua atenção para você, independente de como você esteja se sentindo. É fácil se amar nos dias bons. Mas é edificante se amar nos dias ruins.





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