terça-feira, 17 de abril de 2018

Procura-se paixão arrebatadora

A paixão é o combustível do poeta.
Da última paixão que vivi, gastei tudo.
Chorei, sorri, gritei, trepei, fumei até a última ponta.
Bebi até a última gota.
Não sobrou nada.
Quero, para preservar o meu legado de bons escritos, uma paixão nova, nos moldes antigos:
Como a dor e o gozo
O desespero (da saudade de preferência)
E o alívio do reencontro dos corpos
A insanidade rondando o equilíbrio
O equilíbrio ludibriado, ingênuo, pela insanidade
Mensagens confusas de madrugada, por consequência de possíveis encontros oníricos
Pés descalços na chuva
Presepada! Toda a presepada possível!
Uma ou duas cenas
Eu prometo que finjo que acredito e até participo!
Planos que não vingarão
Minhas músicas? Estrague todas! Elas se recuperarão e eu também.
Noites inteiras preenchidas por sons de corpos em brasa, músicas, risos, guerra e paz por fim.
Sua ausência: torpor.
Minha ausência: torpor.
E quando a paixão me arremeter impiedosamente ao caos, arremato eu as poesias que a caneta outrora não quis escrever.
Por fim, paixão por paixão, o poeta e o objeto do seu desejo momentâneo arrebatam para uma eternidade súbita.
Agora me diz (ao pé do ouvido): é pedir muito?




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