quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Não romantize migalhas

Já em 1936, Chaplin mostrava em "Tempos Modernos" que os tempos modernos acabariam nos enlouquecendo. Embora a história retrate a revolução industrial, se trouxemos pros dias de hoje, a "modernidade" nos aflige, nos repete, nos coloca no automático.
Hoje, não é a tecnologia que tende a nos acompanhar. Nós é que tendemos a acompanhá-la em seu ritmo acelerado. Vivemos relações líquidas e nos sentimos cada dia mais sós. Atente-se pra sós. Solidão e solitude são muito diferentes.
Estar só por vontade própria, pelo prazer de apreciar sua própria companhia é a consequência de se conhecer bem. Solitude.  Mas estar só pela liquidez das nossas relações, pela falta de tato com o outro, justamente pela ausência de convivência, é solidão.
Chegamos as migalhas. E romantizamos essas migalhas. Tantas pessoas em nossas redes sociais, compartilhando o que já não têm: a plenitude de ser.
Substituem por hastags e o vazio do ter.  Por isso, se o Wi-Fi da sua casa ou trabalho cair, aproveite pra tomar um café. Respirar sem instagramear. Sair sem marcar localização. Aprender que o novo vem e é bem-vindo. Mas que a essência é o primevo.


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