segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Geração Líquida

Nem todo dia é fácil ou bom. E de antemão te digo: tá tudo bem. Tá tudo bem não estar bem o tempo todo.
Existem milhares de pensamentos passando pela sua cabeça segundo à segundo. E além da sobrecarga interna, existe a pressão, o excesso de informação do lado de fora da gente.
A falsa felicidade pregada nas redes sociais nos fazem sentir fragmentos de frustrações que podem crescer, ou, se você é um monge, você pode esquecer. Acredite: ninguém é tão feliz quanto "posta". E as suas frustrações não são tão diferentes da maioria: latentes e escondidas nas fotografias paisagísticas e instagrâmicas.
Além de toda essa balela que temos que lidar diariamente, existe a liquidez crescente das relações. Junto com ela, a variedade de "amigos" e "amores" com duração menor que a estimativa de vida de borboletas. E, para combater a solidão (aquela que não gostamos, quando NÃO queremos estar sós) nos colocamos à exposição nos cardápios digitais, forjando afetos plásticos e instantâneos.
Nos alimentamos de curtidas e matchs na busca incessante de endorfinas genéricas. Estamos todos conectados nas redes. Mas desconectados no emocional. Não é à toa que somos a geração que mais se deprime. Tende-se lidar com as cobranças, excessos, mais cobranças, mais excessos... E o psicológico padece.
Em que momento deixamos as coisas simples da vida se perderem? Em que momento VOCÊ deixou?
Amanhã. Outro dia. Outra liquidez à vista. Outra pessoa, outro match, outro mundo pra visitar.
Café amargo, lembranças doces, incógnitas gigantescas. Nos acostumamos. Mas não deveríamos.
Não estou dizendo que experimentar pessoas seja o martírio da atualidade. Muito pelo contrário: é delicioso visitar tantos universos, ideias, pensamentos diferentes do teu. Porém, experimentar apenas não é o bastante. Por isso estamos sempre famintos. E, inegavelmente, exaustos.
Seguindo o curso da sobrevivência humana, naturalmente nos adaptamos. Nos adaptamos à pressa do cotidiano, ao café meio morno, à ausência de gozo, aos fins sem despedidas adequadas. Nos adaptamos ao automático de nós mesmos.
Por isso, pare agora e olhe pra si.
Será que é possível desligar o teu automático hoje?
Porque no final das contas, caro amigo, estamos todos sós.
E já que estamos todos sós, estamos juntos nisso também.


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